João Cabral de Melo Neto nasceu na cidade de Recife - PE, no dia 09 de janeiro de 1920 e partiu no dia 09 de outubro de 1999. Como Deixou-nos a preciosa obra – dentre tantas – Morte e Vida Severina.
As dificuldades e os sofrimentos do povo do sertão são traduzidos em poesia. Emocionam e não só, nos chamam a realidade, despertam novamente em nós a sensibilidade e nos induz a olharmos a vida com o devido valor e reverência merecida – apesar dos sofrimentos e angustias.
Vale a pena ler, vale a pena assistir!
Última parte de Morte e Vida Severina:
Severino, retirante, deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar fora da ponte e da vida
nem conheço essa resposta, se quer mesmo que lhe diga
é difícil defender, só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é esta que vê, severina
mas se responder não pude à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu com sua presença viva.
eu não sei bem a resposta da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar fora da ponte e da vida
nem conheço essa resposta, se quer mesmo que lhe diga
é difícil defender, só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é esta que vê, severina
mas se responder não pude à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu com sua presença viva.
E não há melhor resposta que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco em nova vida explodida
mesmo quando é assim pequena a explosão, como a ocorrida
como a de há pouco, franzina mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco em nova vida explodida
mesmo quando é assim pequena a explosão, como a ocorrida
como a de há pouco, franzina mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
Uma abençoada semana a todos e todas!
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