Segura na mão de Deus: a tempestade acalmada
Entre o Sermão das Parábolas (Mt 13) e o da Comunidade (Mt 18), está novamente uma longa parte narrativa (Mt 14 até 17). O Sermão das Parúbolas chamava a atenção para a presença do Reino nas coisas da vida. A parte narrativa mostra como este Reino está presente nas contradições da vida, provocando reações a favor ou contra. Um dos episódios narrados é a travessia no lago. Depois de ter reunido o povo no deserto (Mt 14,13-14) e ter instituído a mesa comum, através da parlilha que multiplicou o pão, Jesus sente a necessidade de ficar a sós com o Pai. Ele manda os discípulos fazerem a travessia para o outro lado do mar despede a multidão e sobre a montanha para rezar.
Esta travessia do mar simboliza a travessia que as comunidades tinham de fazer no fim do século I sair do mundo fechado da antiga observância da lei para o novo jeito de observar à Lei do amor, ensinado por Jesus; sair da consciência de pertencer ao único povo eleito, privilegiado por Deus entre todos os povos, para a certeza de que em Cristo todos os povos estavam sendo fundidos num único Povo diante de Deus; sair do isolamento da intolerância para o mundo aberto do acolhimento e da gratuidade. Travessia perigosa, mas necessária.
Mateus 14,22-24: Iniciar a travessia a pedido de Jesus Jesus forçou os discípulos a irem para o outro lado do mar, onde ficava a terra dos pagãos. A barca simboliza a comunidade. Ela tem a missão de dirigir-se aos pagãos e de anunciar também entre eles a Boa Nova do Reino que gera um novo jeito de viver em comunidade. Mas a travessia é perigosa e demorada. A barca é agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Apesar de terem remado a noite toda, falta muito para chegar à terra. Faltava muito para as comunidades fazerem a travessia para os pagãos.Jesus não foi com eles. Ele queria que aprendessem a superar as dificuldades da vida juntos, unidos e fortalecidos pela fé. O contraste é grande: Jesus junto de Deus na paz da montanha, e os discípulos meio perdidos lá embaixo, no mar revolto.
Mateus 14,25-27: Jesus se aproxima e eles não o reconhecem. Na quarta vigília, isto é, entre as 3 e 6 da madrugada, Jesus foi ao encontro dos discípulos. Andando sobre as águas, chegou perto deles. Mas não o reconheceram. Gritavam de medo pensando que fosse um fantasma. Jesus os acalmou dizendo: ‘‘Coragem! Sou eu! Não tenham medo!'' A expressão "Sou eu!'' é a mesma com que Deus fortaleceu a Moisés quando o enviou para libertar o povo do Egito (Ex 3,14). Para as comunidades, tanto de ontem como de hoje, era e é muito importante ouvir repetidamente: Coragem! Sou eu! Não tenham medo!"
Mateus 14,28-31: Entusiasmo e fraqueza de Pedro Pedro pede para andar sobre as águas. Quer experimentar o poder que domina a fúria do mar. Um poder que, na Bíblia, é exclusivo de Deus (Gn 1,6; SI 104,6-9). Jesus permite que ele participe deste poder. Mas Pedro tem medo. Pensa que vai afundar e grita: "Senhor! Salva-me!" Jesus o segura e repreende: "Homem fraco na fé! Por que duvidou?" Pedro tem mais força do que ele imagina, mas tem medo das ondas contrárias e não acredita no poder que existe nele. As comunidades não acreditam na força do Espírito que existe dentro delas e que ama através da fé (Ef 1,19-20).
Mateus 14,32-33: Jesus á o Filho de Deus Jesus entra na barca e a ventania pára Os discípulos ficam maravilhados e se ajoelham diante de Jesus, reconhecendo que ele é verdadeiramente o Filho de Deus. Quando reconhecemos a presença de Jesus em nosso meio, já não temos medo das tempestades e marés da vida. Ficamos segurando firmes em sua mão e vamos enfrentando os ventos contrários.
A Comunidade; um barquinho boiando no mar da vida O canto diz: "Se as águas do mar da vida quiserem te afogar, segura na mão de Deus e vai!" As ondas do mar provocam medo e pavor. Em esta a situação em que se encontravam os discípuíos e discípulas na época de Mateus, boiando no mar da vida dentro do barquinho da comunidade. Ninguém tem a possibilidade de controlar a força das ondas a não ser Deus (Gn 1,2). Mateus relata a caminhada de Jesus sobre as águas para que as comunidades
não se assustem nem afundem como Pedro, mas tenham a firme convicção de que em Jesus ressuscitado a força criadora de Deus as sustenta.
não se assustem nem afundem como Pedro, mas tenham a firme convicção de que em Jesus ressuscitado a força criadora de Deus as sustenta.
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